quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Aos Homens Sexuais




Li recentemente um artigo que dizia que atualmente a privacidade está sendo tão banalizada que um assunto como a sexualidade do indivíduo passou a ser de conhecimento geral. Bandeiras de orgulho gay levantadas a todo tempo e muita polêmica girando em torno de um assunto que só deveria dizer respeito ao individuo, deu ainda mais vazão a esse pensamento e incomodam a muita gente que dá voz ao assunto e faz com que repercuta gerando mais polêmica.
Mas, apesar de ser um assunto aparentemente “em alta” não me acho no direito de falar nada e sinceramente não deveria nem estar me envolvendo em algo que não é meu. O contraditório é que é justamente por isso que me envolvo, apesar de não saber como se sente um homossexual em meio a tudo isso. O máximo que posso fazer é uma rude analogia de como me sinto sendo heterossexual, o que chega longe do que tenho certeza de que essas pessoas sentem ao tratar sobre sua sexualidade, de forma tão publicamente distorcida.
 Você pode estar achando que estou sendo preconceituosa, que estou discriminando, fazendo de conta que são pessoas incomuns, a parte, casos isolados. Se for assim, minhas sinceras desculpas por fazê-lo pensar dessa forma. Não é essa minha intenção, mas simplesmente não consigo começar de outro jeito um assunto, que como disse, não deveria ser meu, mas que devido à natureza ignorante do ser humano, passou a ser de todos.
Acho que estamos de acordo que ninguém sai por ai falando (a não ser brincando) coisas do tipo: “olha, eu tenho um vizinho heterossexual”, “meu filho é hétero, o que eu faço?”, “minha filha mora com o namorado?”, “seu heterozinho sujo!”, “os héteros deveriam morrer... são má influência... anormais...você é heterofóbico...” Alguém já ouviu algo do tipo? Não. E por que não? Por que ser heterossexual é considerado ainda (pasmem) o normal.
Uma das explicações frequentemente dadas por psicólogos para reações homofóbicas, é que essas são causadas pelo medo do desconhecido. Ou seja, o heterossexual, que se julga normal e superior ao homossexual, decide extravasar sua intolerância às diferenças. Gente! Sinceramente não consigo aceitar isso.  Se for assim, deveríamos então sair por ai batendo em todo mundo, pois não existe ninguém igual a ninguém, e o lugar comum batido “respeite as diferenças” que ouvimos desde sempre não existe mais? Isso em se tratando de diferenças mais sutis às mais gritantes. Não existe ninguém igual e até quando possuímos pensamentos parecidos encontramos nuances próprias que nos identificam e nos tornam o que somos: humanos ou, em alguns casos, seres estúpidos.
Além disso, quem nunca estudou história no colégio, ou mesmo viu em qualquer filme ou livro antigo qualquer coisa que mostrasse que o homossexualismo existe desde a antiguidade? Como então, tendo consciência de que as relações homossexuais fazem parte da espécie humana tanto quanto as heterossexuais, que isso sempre aconteceu e sempre acontecerá (posto que, não é doença para ter cura) podemos julgá-lo como algo anormal e que pode ser tratado, evitado e banido da sociedade. Como evoluímos a passos tão lentos nesse sentido?
O que me assusta mais é que não são as gerações anteriores a essa que mais discriminam. Ouvimos sim, “bolsonaros” e “mirians” falando atrocidades sobre a homossexualidade, mas quem mais ofendem, agridem e matam, são os próprios jovens. Esses que muitas vezes só tem mente aberta pra considerar normal o uso de drogas, lícitas ou não e o direito de atentar contra a própria vida e as dos outros.
É pela ação dessas pessoas que ultimamente tenho me defrontado com diversos tipos de gente dando inúmeras opiniões sobre a homossexualidade. Por essa razão, permiti-me mostrar também o que penso não que meus pensamentos sejam de interesse para alguém, mas pessoas com muito menos a dizer(para não ser mais grosseira e clara) o fizeram, então eu o faço também.
 Que vivemos em grupos que se reúnem de acordo com afinidades todos sabem e é algo natural na sociedade. Cada um procurar se relacionar com quem considera mais divertido, companheiro, amigo, enfim, com quem se dê bem. No entanto, quando grupos são obrigados a se formar, a lutar por algo que deveriam ter naturalmente e a ser isolados não por vontade própria, mas sim por preconceito, a formação de um segmento social deixa de ser natural e passa a ser uma espécie de represália por estes não se adequarem ao modo de vida de alguns, já que nem sempre é da maioria. Penso sinceramente que esses grupos se separam devido à ignorância, somente por isso e vou dizer por quê.
Uma das opiniões mais veementes em relação a esse assunto é dos cristãos mais fervorosos, que afirmam que a homossexualidade não é natural, que é pecado mortal, pois está escrito em algum lugar da bíblia que a união entre duas pessoas só é permitida se for pra procriação. Sobre isso não posso falar de uma maneira mais precisa já que não sei do que falam. Falta-me conhecimento bíblico. Mas, como católica praticante que fui por anos sei que se realmente fôssemos seguir tudo o que a bíblia diz o mundo não seria como é e certamente essas pessoas que dizem  seguir a bíblia tão prontamente viveriam de outro jeito.
Posso estar errada, admito, mas se seguíssemos a bíblia e seus preceitos as mulheres seriam submissas aos homens, os filhos serviriam aos pais que teriam uns 20 filhos, pois o sexo só seria feito para procriação. Anticoncepcional e camisinha então... Nem em sonho. Daríamos 10 por cento do nosso salário à Igreja e não apenas o que desejássemos e quando desejássemos. Iríamos à missa todos os domingos, ou sábados, depende do ponto de vista. Não cobiçaríamos a mulher do próximo, e nunca, nunca diríamos “Ai meu Deus!”, pois não se deve falar o nome de Deus em vão.
Ah! Mas isso nada tem a ver com homossexualidade, pecado mortal, que leva direto ao fogo do inferno. Acho que existe uma escala de pecados, alguns podemos cometer, outros não... Só pode ser assim! E consigo pensar em quantos homossexuais maravilhosos arderiam eternamente no fogo do inferno enquanto pessoas que matam e maltratam tem o direito à absolvição de seus pecados. Mas como disse, não posso falar disso, sou leiga e já falei até demais, não entendo, apenas exprimo a impressão que me passam sem querer blasfemar ou ofender ninguém. Mas já ofendendo...
Ouço muito também pessoas de mente arcaica dizendo que quando tiverem filho ou neto, a primeira coisa que vão dar de presente pra criança é uma bola e uma camisa do flamengo. Sinceramente só posso rir disso. O que tem a ver? Não existe jogador de futebol gay? Eu particularmente consigo listar sem pensar muito cinco flamenguistas gays. Gay não gosta de futebol ou retrocedemos e futebol voltou a ser esporte de homem e “sapatão”? Seria trágico se não fosse cômico não é? Mas não, infelizmente essa piada perdeu a graça há muito tempo e me cansei de rir.
                Acostumei-me erroneamente a manter o que penso guardado para mim. Afinal, quem me perguntou? Desde o início estou dizendo que me intrometo em um assunto que não é meu. Mas quer saber, é tão meu quanto seu, quanto de qualquer ser humano que queira falar sobre ele. Sexualidade é isso, é diálogo, não é tabu, não é assunto proibido para menores de 18 anos e muito menos motivo para que pessoas sejam tratadas como anormais ridicularizadas e postas à margem da sociedade.
                Por essa razão, acredito que as pessoas devem sim fazer coro a essa questão não para tornar o assunto um carnaval, uma moda em evidência, mas para que a sexualidade possa ser tratada com naturalidade. Assim como os homens falam sobre mulheres e mulheres sobre os homens, quero chegar a ver um dia em que um homem vai falar de um homem ou uma mulher de uma mulher sem que surja pelo menos um olhar de deboche ou desprezo.
Temos que falar sim até o assunto ser normal. Até que a impressão que nos passa de que todo movimento gay lutando contra a homofobia, o direito ao casamento e punição para agressores deixe de parecer aos olhos de grande parte da sociedade mania de perseguição de um grupo isolado, como tantos outros, cansado de ser tão perseguido.
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