domingo, 26 de junho de 2011

Dentro de Mim



Olhando para dentro de mim
Fico parado pensando
Quem é a pessoa que fica
De dentro pra fora me olhando?




Um Pedacinho de Você...

Um pedacinho de você que tocou em mim
me fez sonhar com o azul do céu, nuvens de algodão.
E olhar os pássaros voando na imensidão, 
depois com a lua clarear toda a escuridão.
Se só com esse pedacinho tive um sonho assim,
imagina o que sonharia se você por inteiro tocasse em mim?

Minha Caixinha





Sinto como se minha vida coubesse em uma caixinha de papel na qual estão guardadas folhas amassadas com escritos incompletos: crônicas sem final, poemas sem sentido, as primeiras frases de um conto e talvez a palavra perfeita para iniciar um livro... Tudo pela metade ou por começar, um amontoado de rabiscos lutando por espaço em uma caixa que aumenta aos poucos e que ainda suporta muita coisa. 

Nessa minha vida de caixinha, os primeiros passos são compostos por poemas infantis, na sua simplicidade e clareza, na beleza que a infância nos dá e na admiração que não volta. Já senti muita falta desses meus primeiros poemas, quando ainda não sabia escrever e entender os outros poemas da vida, quando podia sorrir por tudo e chorar sem medo. Inevitavelmente cresci e meus supostos escritos de adulto me levavam a refletir. Pensava em um conto para contar, uma crônica para lembrar, um livro para ensinar algo a alguém... Mas a reflexão não veio e a conclusão do conto não existiu, a crônica não lembrava nada e o livro ficou no pensamento para ser escrito quando me sentir preparada para ensinar algo a alguém. 
Sendo a caixinha minha vida, o que existe dentro dela não se perdeu. Talvez eu nunca termine meus contos e crônicas, mas novos virão. Meus poemas poderão ser melhorados ou não. O meu livro já existe, mesmo que em uma única palavra dentro de minha grande caixinha que entre rabiscos guarda o que fui e, nas folhas brancas, o que serei.

Em algum momento da vida... Para Hian Moreira.


            Em algum momento da vida paramos para pensar no que somos e se realmente somos o que pensamos. No meu caso, sou alguém que só tem uma certeza: o amor à música. O que sou ou quem sou pra mim é muito difícil definir. Por vezes penso que não sou nada, até lembrar que música é vida e se ela existe em mim então represento algo importante.
Mas, para ilustrar melhor o que a música significa na minha vida, vou contar um pouquinho da minha história com ela e o que até agora eu aprendi...
        Logo cedo fomos apresentados. Eu era criança e ela há muito tempo existia, encantava as pessoas, embalava a tristeza fazendo-a adormecer e acalmava a alma. Chego a pensar que devo a ela o fato de existir, pois sendo amiga de meus pais, tornou-se a mais fiel companheira quando iniciaram a vida de casal. Nem sei se é certo dizer que só assim ela entrou em minha vida. Às vezes sinto que nasci por ela, sou parte de algo que representa tudo em mim.

          E já que em tudo existe, a música me convidou para viajar num mundo de sensações e me ensinar que ouvir é maior que escutar, cantar é mais belo que falar, que oferecer músicas representa mais que ofertar presentes, pois presentes são esquecidos, músicas são lembradas.
           Mas o principal que a música me mostrou foi que o sentimento não possui adjetivo que perfeitamente o explique e que sentir no máximo pode ser reproduzido por um sorriso ou uma lágrima, mas que ainda assim só quem sente sabe e é preciso permitir-se tentar sentir como os outros para de fato compreendê-los(entende?). Ainda que não consigamos isso é melhor que simplesmente ignorar o sentimento.
       Ela andou de mãos dadas comigo, acompanhou-me na infância e na adolescência e a amizade apenas cresceu. Hoje me ensina com serenidade cada nota da canção que tocaremos juntos por toda vida.
        Com ela aprendi a viajar pra dentro de mim, a tentar me conhecer e me entender e a desistir a cada dia disso. Aprendi a aceitar que sou louco por ela, pois a minha loucura não tem cura, mas também não maltrata, não fere e me faz bem. Não é por ser enlouquecido por ela que por vezes sofro. É por não poder tornar-me mais louco do que sou.
Repito constantemente essa viagem em busca de minha música para quem sabe um dia, ser digno de tocá-la dentro dos outros e compor com eles melodias que transmitam a paz que sinto ao vivê-la.
        Com o tempo aprendi a buscar inspiração no que a vida me oferece. Aprendi que as tristezas podem transformar-se em músicas que transmitam paz, ainda que tenham sido compostas com lágrimas de dor.
        Afinal, quem ama a música como eu amo, sabe o mundo que ela representa e as portas que abre para que seja possível entender o mundo e aceitar os outros tendo a esperança de sermos melhores. Depende tudo da maneira como interpretamos a melodia que o mundo compõe todos os dias sem parar.  



Simples Assim


 

Quero sentar no chão do meu quarto e olhar para as paredes vazias com a certeza de que esse momento é meu e que ninguém pode roubá-lo de mim. Quero deitar de costas com apenas os pés em cima da cama e ler meu livro, meio que de cabeça para baixo, saboreando as histórias que nunca me entediam, histórias que se reconstroem a cada leitura. Quero nesse mesmo chão pegar meu violão e tocar as poucas músicas que sei de cor só para sentir a vida entrando em mim em forma de melodia. Quero cantarolar desafinada as letras que esqueço só para ter certeza que não nasci para cantar, mas que sem dúvida alguma isso é uma coisa que todos deveriam amar fazer. Quero encaixar meu único ursinho de pelúcia (que na verdade é uma abelhinha sem asas) entre as pernas e fingir que ele me ouve enquanto alterno entre a música, a leitura, as costas doídas, as pernas doídas, os braços doídos. E fazendo isso, quero me  lembrar que ainda sou eu mesma e que nem mesmo quando não me reconheço deixo de ser quem sou, pois sempre terei para onde voltar: Um Livro, Um Chão, Um Urso-Abelha, Um Violão...
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